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Bebida alcoolica vira fuga na pandemia e especialistas alertam para baixa na imunidade

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O relatório elaborado entre 22 de maio e 30 de junho do ano passado, apontou as bebidas preferidas dos participantes: cerveja (48,7%) e vinho (29,3%). Foto: Divulgação

O isolamento social decorrente da Covid-19 está fazendo brasileiros exageraram no uso de bebidas alcoólicas. A fuga ocorre à medida que os índices de ansiedade, medo, depressão, tédio e incertezas passaram a ser mais comumente notificados, inclusive em outros países.

É o que mostra o estudo 'Uso de Álcool e Covid-19', publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), feito com 12 mil pessoas de 33 países da América Latina e Caribe, sendo 30,8% só do Brasil — representando a maior porcentagem da pesquisa.

O relatório elaborado entre 22 de maio e 30 de junho do ano passado, apontou as bebidas preferidas dos participantes: cerveja (48,7%) e vinho (29,3%).

Bebidas ilícitas

Também foi avaliado que o consumo de álcool ilícito ou informal passou de 2,2% para 4,9% mensalmente. Ou seja, aquele produto contrabandeado através das fronteiras ou produzido ilegalmente para evitar impostos e tarifas.

Os pesquisadores chamam atenção à produção informal e ilícita de bebidas alcoólicas, uma vez que ela representa um desafio à saúde e às políticas, pois pode conter maior teor de etanol e possíveis contaminantes.

O baixo custo desse tipo de bebida também pode promover o consumo excessivo de álcool, gerando ainda mais transtornos, avaliam.

Semanalmente o resultado da pesquisa apontou um salto de 1,9% para 3%; e de 0,4% para 0,6% diariamente, em 2019 e 2020, respectivamente, ainda no tocante ao consumo de bebidas ilícitas.

Influência

A psiquiatra Alessandra Diehl, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), confirma que o aumento do consumo pode ser justificado pelos bebedores como uma forma de lidar com ansiedade, sintomas depressivos, incertezas, insônia, e até mesmo com a falta de vida social.

"Muitos brasileiros estão bebendo mais durante a pandemia"

Ela lembra ainda outro estudo: o Global Drug Survey, que mostrou aumento de 13,1% no Brasil no consumo de álcool, numa forma de binge (5 ou mais doses em um intervalo de 2 horas).

Drogas e sedativos

A Abead cita que na última analise divulgada, correspondente ao período de março a junho de 2020, houve aumento de 54% do número de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), por conta do uso excessivo de alucinógenos (drogas). Os dados são comparativos ao ano de 2019.

"Assim como, 50% foi o quanto cresceu o atendimento por uso excessivo de sedativos durante a pandemia", diz a psiquiatra Alessandra Diehl - com base em dados secundários do Ministério da Saúde.

As pessoas estão ficando mais doentes?

Segundo a vice-presidente da Abead, Alessandra Diehl, o álcool pode trazer um falso alívio temporário à ansiedade, estresse, ou de 'auxílio' no sono.

"E ao mesmo tempo aumentam vulnerabilidades de diminuição da imunidade frente à Covid-19, e risco de desenvolvimento de outras comorbidades clínicas e psiquiátricas associadas ao excessivo consumo de álcool durante a pandemia e pós-pandemia. O uso excessivo pode provocar doenças hepáticas, gástricas, diminuição da imunidade e até mesmo problemas cognitivos"

Covid-19 x Álcool

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) elaborou pontos sobre mitos e verdades relacionadas ao álcool e Covid-19, segundo o que recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS).

MITO: O consumo de bebidas alcoólicas destrói o vírus que causa a Covid-19.

VERDADE: O consumo de bebidas alcoólicas não destruirá o vírus; inclusive pode até aumentar os riscos para a saúde se uma pessoa for infectada. O álcool (a uma concentração de pelo menos 60% em volume) funciona como desinfetante na pele, mas não tem esse efeito dentro do organismo quando ingerido.

MITO: Beber álcool forte mata o vírus presente no ar inalado.

VERDADE: O consumo de álcool não mata o vírus presente no ar inalado; não desinfeta sua boca e garganta, e não fornecerá nenhum tipo de proteção contra a Covid-19. O consumo nocivo de álcool (cerveja, vinho, bebidas destiladas ou álcool à base de plantas) debilita a imunidade e a resistência ao vírus.

Álcool: o que fazer e o que não fazer

  • Manter-se sóbrio ajuda a manter a vigilância, agir rapidamente e tomar decisões que afetarão a si próprio e aos outros.
  • Se você beber, consuma o mínimo possível e evite ficar intoxicado.
  • Certifique-se de que crianças e jovens não tenham acesso ao álcool.
  • Discuta com crianças e jovens os problemas associados à bebida e à Covid-19.
  • Nunca misture álcool com medicamentos, mesmo remédios à base de plantas ou sem receita, pois isso pode torná-los menos eficazes ou aumentar sua potência tornando-os tóxicos e perigosos.
  • Mantenha os produtos de higiene que contenham álcool fora do alcance de crianças e pessoas que possam fazer uso indevido deles.
  • Ao trabalhar em casa, siga as regras usuais do local de trabalho e não beba. Lembre-se de que, após o almoço, você ainda deve estar em condições de trabalhar - e que isto não é possível se você estiver alcoolizado.
  • Você pode pensar que o álcool ajuda a diminuir o estresse, mas, na verdade, não é um bom mecanismo de enfrentamento. Seu consumo abusivo aumenta os sintomas de pânico e transtornos de ansiedade, depressão e risco de violência doméstica.
  • Para lidar com a tensão, tente praticar exercícios físicos dentro de casa. A atividade física fortalece o sistema imunológico e, em geral - a partir de uma perspectiva de curto e longo prazo - é uma maneira altamente benéfica de passar o período de quarentena.

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